quarta-feira, 30 de novembro de 2005

Receita Literária

Hoje na Receita Literária, da Revista Bula, eu falo sobre o neurocognitivista Steven Pinker e a analogia cérebro = máquina, sobre o fato deste afirmar que possuimos um senso de beleza visual inato, e a respeito de Prazer e Dor, de um ponto de vista estético.

http://www.revistabula.com/receitaliteraria.asp

A Revista traz ainda uma entrevista de Ian McEwan, expoente máximo da literatura inglesa atual – junto com Martin Amis, Julian Barnes e Katzuo Ishiguro.

http://www.revistabula.com/principal.asp

quinta-feira, 24 de novembro de 2005

8ª JORNADA DO CENTRO DE ESTUDOS PEIRCEANOS

Data: 28 de novembro de 2005.
Local: Auditório - Rua João Ramalho, 182 - Perdizes
Horário: 8h às 18h30
Entrada franca.


As inscrições devem ser feitas antecipadamente pelo e-mail semiotica@terra.com.br

Veja a programação e como obter o certificado de participação e o Caderno da 8ª Jornada do CENEP com os textos completos dos trabalhos apresentados em http://www.pucsp.br/pos/cos/eventos/jorcepe.pdf

Tese online : Arquivo PDF

Minha tese de doutorado está disponível para download na Biblioteca digital da Puc-SP. Clicando no link a seguir, é possível baixar o arquivo em PDF.
Autor: Lauro José Maia Marques

Título(s): [pt] Estética, pragmatismo & Semiótica: Bases para uma filosofia da arte peirceana

[en] Aesthetics, semiotics, and pragmatism -Basis to a Peircean philosophy of art.


Resumo(s): [pt] A tese é uma reflexão sobre a obra de arte, baseando-nos em Charles Sanders Peirce. Buscamos aplicar os conceitos extraídos da sua Fenomenologia, Estética, Semiótica, e Pragmatismo, para a construção dos fundamentos de um modelo teórico sobre arte, não desenvolvido pelo próprio autor, mas que se encontra potencialmente na sua vasta obra. Fundamentamo-nos, principalmente, nos textos do próprio autor, sobre esses quatro campos teóricos. E em especial, buscando um caminho de pesquisa traçado por Santaella (1994a; 1992), e já desenvolvido por nós em dissertação anterior, naquilo que o autor postula como o crescimento da Razoabilidade: um processo gradual que envolve a realização de idéias na consciência dos homens e em suas obras, e que ocorre graças à capacidade humana de aprendizado através da experiência. O que seria essa Razoabilidade da arte exatamente, e como ocorreria? Encontramos nas disciplinas citadas e no método pragmático, de Peirce, uma trama conceitual capaz de oferecer uma tentativa de resposta a essas e outras perguntas ―as quais ficaram merecendo, de nossa parte, anteriormente, um maior tempo de estudo. Tais como: a Qualidade estética, o Prazer estético, o Objeto estético, e a relação da arte com o conhecimento e a conduta. Questionamentos que compõem uma Filosofia da Arte implícita nos textos do autor. Nos três capítulos da tese, a seguir, procuramos tornar isso evidente. Na Fenomenologia da Arte a questão da natureza da obra artística ganha corpo através de uma discussão sobre o papel das qualidades, o sentimento, a sensação, e a cognição na experiência estética. Na Semiótica da Arte discute-se a relação do signo artístico com o objeto que aparece através desse signo, como uma representação. O lugar da obra artística na formação e transmissão de idéias, as quais podemos perceber numa obra, é apresentado, numa aplicação a algumas pinturas, pondo em relevo o seu caráter sígnico-comunicativo. O julgamento estético é abrangido em uma reflexão sobre os padrões que tornam possível esse julgamento, de acordo com uma Filosofia do Criticismo. Na Pragmática da Arte mostramos, através de uma análise dos interpretantes do signo, ou os seus efeitos significados, como a função dos signos, segundo Peirce é COMUNICAR idéias. A maneira como a obra de arte pode participar do processo de crescimento da Razoabilidade é cumprindo com essa função. Esse ponto representa nossa maior contribuição para a área de pesquisa Signo e Significação nas Mídias, em que se insere o trabalho.

[en] This thesis is a reflection about the work of art, found mainly in Charles Sanders Peirce’s Phenomenology, Semiotics, Aesthetics, and Pragmatism. In the following three chapters we will try to show evidence of an implicit Philosophy of Art in the author’s vast work. First, in Phenomenology of Art, the problem of the nature of artwork surfaces through a discussion on the role of qualities, feeling, sensation, and cognition. This is set against the background of aesthetic experience (or how we experience artworks). Second, in Semiotics of Art, we discuss the relationship of the artwork (mainly paintings) and the object it represents. The place of artwork in the formation and transmission of ideas is presented through an analysis of some paintings (like the famous “image of solitude” Nighthawks, by North-American painter, Edward Hopper) ―emphasizing their signifying-communicative character. Aesthetic judgment is included in a debate about aesthetic standards, according to a Philosophy of criticism. Third, in Pragmatics of Art, we show, through an analysis of sign interpretants, or its significate effects, that the function of signs is to COMMUNICATE ideas. The way an artwork can take part in the growing process of Reasonableness is by satisfying this function. This point represents our major contribution to the research area “Sign and Signification in the Medias”, which is the core of our work.

Titulação: Doutor em Comunicação e Semiótica: Signo e significação nas Midias

Contribuidor(es): [Orientador] Maria Lucia Santaella Braga


Assunto(s): [pt] LINGUISTICA, LETRAS E ARTES
[pt] Semiótica e as artes
[pt] Pragmatismo
[pt] arte
[pt] C.S. Peirce
[pt] estética
[en] aesthetics
[en] semiotics
[en] pragmatism
[en] art
[en] C.S. Peirce
[pt] Arte - Filosofia


Data da defesa: 13/06/2005

Arquivo(s): Clique aqui para arquivo PDF - Bases para uma filosofia da arte peirceana

Caso o link não funcione, clique aqui

Biblioteca digital da Puc-SP

quarta-feira, 23 de novembro de 2005

Doce é a palavra da água

Na Receita Literária da Bula dessa quarta, 23 de novembro, eu falo de HAMLET: POEMA INFINITO, HOMO SÉMEIÓTIKÓS e termino com DOIS POEMAS de minha Balada para um Morto.
http://www.revistabula.com/receitaliteraria.asp

(Há uma surpresa. O poema a seguir "Pour Compte", recitado, creio eu, pelo próprio Tristan Tzara, para download, em mp3).

A revista traz ainda uma conversa inteligente com o argentino Alberto Manguel traduzida do site espanhol El Cultural. O autor de História da Leitura e Guia de Lugares Imaginários relembra o senso crítico de Borges, questiona o mercado editorial e ironiza Dan Brown e Paulo Coelho: para ele os dois são sintomas da estupidez atual.

http://www.revistabula.com/index.asp



POUR COMPTE

dans l'Arabie des trois midis
des tours aux fronts de caïmans
dans l'Arabie de ta peau neuve
et des turbans de rêve noir

le feu tinte dans les cloches
douce est la parole de l'eau
sous la clé des nuits légères
enchaînées au coeur des filles

le feu lèche les mirroirs
les museaux des endormies
brûlent sous le regard fendu
dans l'orange du matin

c'est pour ces pays d'un sou
que se vide la mémoire
pour la neige et la flamme
dont se parlent les étoiles

sous la crinière aveugle
court le feu inassouvi
le cristal vivant des sources
dans les eaux de l'avenir

va mon enfant dors mon cheval
il n'y a pas assez de paix
dans les justes mains des cimes
pour couvrir la voix des villes.

Tristan Tzara. PHASES. 1949.

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terça-feira, 22 de novembro de 2005

Canto a mim mesmo


Com música forte eu venho,
com minhas cornetas e meus tambores:
não toco hinos
só para os vencedores consagrados,
toco hinos também
para as pessoas batidas e assassinadas.

Vocês já ouviram dizer
que ganhar o dia é bom?

Pois eu digo que é bom também perder:
batalhas são perdidas
com o mesmo espírito
com que são ganhas.

Eu rufo e bato o tambor pelos mortos
e sopro nas minhas embocaduras
o que de mais alto e mais jubiloso
posso por eles.

Vivas àqueles que levaram a pior!
E àqueles cujos navios de guerra
afundaram no mar!
E a todos os generais
das estratégias perdidas,
que foram todos heróis!
E ao sem número dos heróis maiores
que se conhecem!

Walt Whitman


Poema 10

¿Cuántas formas de visión
se han abierto en nosotros?
Sabíamos que una sola no basta
y casi sin sentirlo
hemos ido incorporando nuevas ópticas,
insólitas retinas,
a esa ruda ecuación
de ver, ser y pasar.

Y ahora ni siquiera sabemos
con qué ojos vemos lo que vemos.
Ni sabemos tampoco
si aún somos nosotros los que vemos.

Roberto Juarroz


Depois que eu voltar
De dentro das molduras
Apago meus retratos
Invento outras figuras

Convoco meus fantasmas
Convido mil demônios
E dou posse a todos eles
No governo dos neurônios

Pio Vargas


não há caminho e
nada valho
meu rir lascivo
é uma coreografia de enganos

eu cresci como crescem
os espantalhos

eu cresci sem planos

Carlos Willian


Insurgências

Meu nascedouro foi ocupado
por insurgências

Cresci a meu modo
sonâmbulo e desigual
arvorando-me desarmado
e mesmo assim, cúmplice

Na última parte dos desejos
pintei camisas bordadas
e bebi vinhos doces
tão amargos, porém

Foram chuvas que me levaram
foram lágrimas que me lavaram
e eu segui,
sentindo em cada talho
um pequeno desconforto

Mas a madeira do meu corpo
não cresceu a tempo
ficou o ferro dos dentes
resultou a pedra e o mármore dos olhos

Tecerei em silêncio
a forma que me devolva
o nascedouro ocupado.

Samarone Lima


A poesia

Troco cinco poemas por um prato de sopa.
Escrevo versos podres num rolo de papel
desonrado, e jogo fora em serena descarga.

Não tenho honrado muito a velha poesia.
Talvez porque não esteja à altura dela.
Assim, leio poemas dos outros e sinto
como se fossem meus.
Afinal, poesia é poesia.
Não importa quem escreveu.

Começo um verso esperando nunca terminá-lo.
Mas ele quer, quer sair, desbastar, a mim, vir.

Não escrevo para ser poeta.

Escrevo porque não tenho saída.

Ou é isso.
Ou o nada.

E o nada, já tenho o bastante.

Gustavo Castro

sábado, 19 de novembro de 2005

Tal Qual – Paul Valéry

Literatura
A OBRA E SUA DURAÇÃO

Todo grande homem entretém a ilusão que poderá prescrever alguma coisa ao futuro; é o que chamamos durar.

Mas o tempo é um rebelde, – e se alguém parece lhe resistir, se uma obra ondeia e flutua e não é propriamente engolida – veremos sempre que é uma obra muito diferente daquela que seu autor creu ter deixado.

A obra dura na medida em que é capaz de parecer completamente diferente do que seu autor a havia realizado.

Ela dura por se haver transformado, e porque era capaz de mil transformações e interpretações [N.T. ver “Receita Literária” minha, sobre Rimbaud, na Revista Bula 16/11/05 ].

Ou melhor, porque ela comporta uma qualidade independente de seu autor, não criada por ele, mas por sua época ou nação, e a qual adquire valor pela mudança de época ou nação.


Tradução Lauro Marques

sexta-feira, 18 de novembro de 2005

Nada é puro

O cristianismo nos recorda disso: nada é puro. Até mesmo JC teve que se "encarnar" em um corpo, que suava, exalava odores, fazia suas necessidades, - e sangrava, como qualquer outro homem normal sangraria.

quinta-feira, 17 de novembro de 2005

Da Alma: Aristóteles

Aristóteles escreve o postulado de que a alma é potencialmente as coisas que percebe e sente. Se você não percebe e sente, é sua alma que se apequena.

quarta-feira, 16 de novembro de 2005

Pansies

Projeto: traduzir "Pansies" de DH Lawrence.
Forma anglicizada do francês "pensées", "pensamentos", mas também no sentido de aplicar pensos ("curativos") em uma ferida.

Obra completa

A Small Anthology of Poems

A Small Anthology of Poems
English Department
Seamus Cooney
(Works best with Netscape)

http://unix.cc.wmich.edu/~cooneys/poems/

Poética da indeterminação

Dando prosseguimento à publicação de minhas "NOTAS DE ESTÉTICA (2)", na Revista Bula, escrevo hoje na coluna Receita Literária, como já está virando uma tradição, sobre o livro POÉTICA DA INDETERMINAÇÃO, além de DUCHAMP, e CAOS E ORDEM NA ARTE (a imagem que ilustra este tópico na revista é bem interessante...).

http://www.revistabula.com/receitaliteraria.asp

quinta-feira, 10 de novembro de 2005

OS CANTOS DE MALDOROR

Poesias - Cartas - Obra Completa

Tradução, prefácio e notas
Claudio Willer


quarta-feira,
16 de dezembro de 2005,
das 18h30 às 21h30


LIVRARIA CULTURA
Avenida Paulista, 2.073 - Conjunto Nacional
01311-940 - São Paulo - SP
(11) 3170.4033

OS CANTOS DE MALDOROR é uma das obras-primas do poeta da modernidade. Agora, aos Cantos, em tradução revista pelo poeta Claudio Willer, se junta POESIAS e CARTAS, fazendo com que o leitor brasileiro tenha acesso, finalmente, a uma edição completa da obra de Isidore Ducasse, Conde de Lautréamont.

quarta-feira, 9 de novembro de 2005

Revista Bula Chama

Hoje, quarta-feita, é dia de "Receita Literária" minha na Revista Bula, que vem também com entrevista a um dos meus diretores-autores preferidos (Woody Allen) e ensaio sobre "o belicoso medo da palavra" (*) de Sua Excelência, o Presidente Lula –aquele mesmo que não dá entrevistas, ou só em condições muito especiais, o nosso Hamlet, que afirmou já fazer "discurso demais", ao ponto de ficar "cansado de si mesmo" e por isso não precisaria conceder coletivas aos repórteres:

http://www.revistabula.com/


"Dizem que a Bíblia ou O Poderoso Chefão são as respostas às perguntas da humanidade. Mas eu fico com Dostoievski, um profundo conhecedor da alma humana."

– Woody Allen

Ainda sobre Lula vale a pena ler também os artigos, dessa quarta-feira, 9/11, de Augusto Nunes, Guilherme Fiuza, e Villas-Bôas Corrêa no site

http://nominimo.ibest.com.br

Este site, aliás, é outra prova de que é possível encontrar ótimas publicações, gratuitamente, na Internet brasileira.

(*)"Poste-escrito": O ensaio "o belicoso medo da palavra" foi tirado do ar pelos editores. (?)

terça-feira, 8 de novembro de 2005

Vida pulsante na Internet brasileira

É impressionante o número de boas publicações na internet. Destaco essas duas que só descobri recentemente:

Cronocópios - Literatura e arte no plural

Pop Box - Visual, sound and verse poetry

Esta última, apesar do nome, é em português mesmo, e tem excelentes ensaios e entrevistas, de Rodrigo Garcia Lopes, Claúdio Daniel, entre outros.

A Cronocópios é mais variada e completa, caprichada, com apresentação de primeira, e tem entre os colunistas, Alcir Pécora, que também participa do conselho editorial, além de uma longa lista de ensaios, críticas, resenhas, artigos, poemas e contos, e até uma Jam Session (escute a bela "Ondeio", de Marcelo Tápia, para guitarra e violino).

Achei as duas por acaso, procurando por ensaios sobre a crítica Marjorie Perloff.
Para quem não sabe ainda quem ela é, sugiro ler as duas entrevistas que encontrei nos respectivos sites.

Na Pop Box, respondendo a uma pergunta de Rodrigo Garcia Lopes, sobre "Qual a sua opinião sobre a poesia concreta", Perloff afirmou:

Perloff - Foi uma experiência muito interessante, mas a experiência era basicamente prestar atenção à materialidade do significante, a idéia de que de que o material é o sentido, e eu acho muitos poemas concretos magros em sentido. Poesia, para mim, deve ser complexa, rica, ter sentido, ser interessante a cada leitura. Para mim, muitos daqueles poemas se tornaram mais próximo de logotipos, da arte comercial, do design. Como no poema "Wind" de Gomringer, onde a palavra "wind" é tudo que você tem. OK, é uma experimento interessante, mas onde você chega com isso? Ou como no poema "beba coca-cola", de Décio Pignatari. Você pode até dizer que é uma sátira ao capitalismo, mas bastante rudimentar. Quantas vezes pode-se ler este poema e achá-lo interessante? Veja: o perigo na poesia de Creeley, dos "language poets" ou da poesia concreta é a de tornar redutora, o de querer passar por "caprichosa", extravagante, inteligente. O perigo é de se tornar só um jogo de palavras inteligente, fazer trocadilho pelo trocadilho, ser tão auto-consciente da linguagem mas não ter nada a dizer. Acho que é o seguinte: na poesia, seja do século 17 ou na contemporânea, se você não tiver nada para dizer, essa poesia não vai ser interessante. Você tem que ter algo que você realmente queira dizer, que você queira comunicar, um novo modo de olhar para as coisas.

! Link para esta entrevista na íntegra


Na Cronocópios, retorquindo à colocação de Alcir Pécora, sobre a passagem de uma idéia de “transparência” da poesia (na qual o poeta quer soar “natural”, “informal”) para a de “artifício” (na qual a linguagem poética traz para o primeiro plano sua própria construção), passagem essa que é nuclear na análise que faz da poesia contemporânea, ela explicou assim a sua posição:

Perloff - A poesia padrão de uma “oficina de poesia”, como a chamamos nos Estados Unidos, é “transparente” naquilo em que as palavras são meramente um veículo para a expressão de um pensamento profundo ou de um vislumbre supostamente importante. Eu nunca achei esses vislumbres tão profundos assim. É duvidosa a noção de um indivíduo único expressando a si mesmo. Na poesia Language e movimentos afins, o poeta começa com linguagem e deixa que a linguagem gere “idéias” mais do que o contrário. Os bons poetas sempre fizeram isso. Uma das queixas bobas feitas hoje é a de que “dificuldade” em poesia é alguma coisa nova. Entretanto, Donne era um poeta muito difícil, assim como é Wallace Stevens; não foi preciso esperar pela poesia do grupo Language para saber que a simples transparência não é uma virtude em poesia.)


!! Link para esta entrevista na íntegra

sexta-feira, 4 de novembro de 2005

Las mantenidas sin suenos


Finalmente consigo ver algo da Mostra de Cinema de São Paulo. No último dia, pego o Metrô, desço na Paulista, dou uma passadinha na Livraria Cultura, como quem não quer nada, compro um livrinho "Tel Quel", de Valéry, que ainda vou traduzir uns pedaços aqui no blog, e de quebra filo uma taça de vinho.

No novo Cine Bombril, ali em frente da livraria, não tinha nada que interessasse naquela hora. Então, decido caminhar até o Reserva Cultural, já imaginando também que se não conseguisse ver nada, pelo menos tomaria mais uma taça, e comeria algo na padaria francesa, aproveitando para ler o livro.

Dito e feito. não achei nada que me atraísse, pelo título, já que sinopses de filmes para mim não dizem nada, mas fiquei por ali assim mesmo. Quando deu 21 horas, vendo o povo sair da sessão anterior, bateu a vontade de ver um filme, qualquer que fosse.

Passo na bilheteria e compro o ingresso para a última sessão da mostra, um filme de título espanhol "Las mantenidas sin suenos", que descubro durante a exibição ser argentino. Naõ me perguntem o nome do diretor, atores, não sei nada disso. Mas o filme começa e percebo que ele fala comingo na minha linguagem, que eu entendo. Sarcástico, sem patacoadas ou firulas.

A "mantenida" do título, que em português se traduz por "manteúda", é essa mulher de meia-idade, bonita, educada e que vive drogada, na miséria. Ela está grávida, sem saber de quem, depois de vários abortos, e tem já uma filha, chamada Eugênia, que vai completar 9 anos, também inteligentíssima - uma espécie de "Mafalda" dos quadrinhos, de ótimas tiradas, responsável pelos momentos de maior humor do filme (e de tristeza também). O interessante é exatemente esse humor, irônico, azedo, que se contrapõe à situação de infelicidade. Fica no ar um cheiro de revolta vazia, de geração perdida, de questionamento dos valores e de impotência em afirmar algo para se colocar no lugar.

Ensaia-se uma pretensa luta de classes entre a amiga rica que deu certo, graças ao casamento, com um homem rico, mas idiota, de um lado, e de outro, a mãe drogada, chamada Florência, que afirma preferir não trabalhar, e ser uma "manteúda sem sonhos", como na canção-título do filme. Mas a oposição não se resolve facilmente, para o bem do enredo, percebe-se que as duas têm ainda algo em comum, ambas foram vítimas dos "projetos" que haviam sido traçados para elas na infância. Em certa altura a amiga rica diz que havia se tornado um "projeto sem vida", graças aos "projetos de vida", de que tanto falava a mãe de Florência, uma terapeuta bem sucedida, mas em declínio, um retrato da sociedade argentina, ex-hippie, ex-viciada, que representa a geração anterior.

E como é comum nos filmes hispânicos, a mãe é uma figura central. São elas as causadoras e também as que lidam de alguma forma com os impasses. O pai é uma figura ausente ou em fuga, alguém em "férias permanentes", como se autodefine o pai da pequena Eugênia.

Em suma, ótimas atuações em um roteiro inteligente, sem muitas reviravoltas, e sem recair no excesso de dramaticidade, nem no cinismo cômico.

quinta-feira, 3 de novembro de 2005

Show do Macacco




O amigo Hugo me manda a resenha e as fotos, do amigo pop star Macacco, quebrando tudo com sua performance em Natal-RN, e o que muito me honra, interpretando (a palavra certa é essa!) a letra que fiz para "Ameaçando a escuridão".

Se eu gostei? Alumão (vulgo Macacco) tem superado todas as minhas expectativas! Ainda não vi o clip, mas tenho certeza que deve ter ficado bom... Muito boa essa idéia de projetar nos guarda-chuvas.

As fotos ficaram excelentes, Hugo, melhor até do que se eu estivesse lá.

Ah, fico muito feliz mesmo pelo que está rolando com os shows, é quase como um sonho louco (sem frescura) de alumão, e de quebra nos levando junto, se realizando.

Ainda somos jovens! Ainda somos jovens! Valeu por essa alumão, obrigado!
Obrigado pelas fotos e a resenha Hugo.


Agora chega de rasgação de seda.
Em frente viajores!
Lauro

* * *

A interpretação de "ameaçando a escuridão" foi fantástica... vc tinha que ver... Intérbio cantando todo de preto sendo iluminado por luzes que vinham dos "óculos com lanterna" que cada integrante da banda usava... uma geladeira antiga no palco...



Só para vc ter uma idéia... as três primeira músicas: "não saberei resistir", "pareburro" e "constantine" foram tocadas com vídeos que alumão produziu e que foram projetados em uma tela de guarda-chuvas abertos... os clips por si só já são fantásticos, mas a exibição nos guarda-chuvas "torô dentro".




Outro grande momento do show foi a interpretação de "engarrafada" por alumão... que simplesmente reproduzia os efeitos sonoros aplicados na frase "a cerve...cerve...cerveeeeeeeeeja...é a buceta engarrafada"... genial!

O espetáculo ficou com gosto de el chaco e cara de cinema... foi muito bom.


Quando vc vai aparecer por aqui?
Acho que agora seria um bom momento.

Abraço,

HugoSoliz.



>Ouça a música Garrafas de cerveja, apelidada "Ameaçando a escuridão" (demo version mp3)

>Ouça "Pareburro" e Engarrafada" e mais Músicas do Macacco no saite da Trama Virtual:
http://www.tramavirtual.com.br/artista.jsp?id=21539