quarta-feira, 22 de março de 2006

ETERNO RETORNO DO REFERENTE

“Se queres falar de ficção, é preciso que o texto aniquile toda referência” (Baudrillard). Então não se pode falar nunca de ficção. A simples letra “a” impressa condensa miríades de universos. A Aleph. “a” minúsculo, perfil de mulher grávida. A escada. Um arco. Uma ponteAAA...

quinta-feira, 16 de março de 2006

Cadernos de Estética

já está no ar a nova Revista Bula, de Goiás.Há colunistas em excesso -inclusive este que vos(?) escreve, com uma coluna de título: Cadernos de Estética

Houve uma recauchutada geral no formato, mas ainda há o que melhorar no conteúdo. As entrevistas continuam boas. A deste número traz Daniel Piza, com boas cacetadas, para todo lado.

http://www.revistabula.com/

quarta-feira, 15 de março de 2006

Prazer de voyeur. Há um consolo em simplesmente olhar os livros imóveis.
20 anos após ter lido o conto que deu origem ao filme, assisto a "Crônica de um amor louco", de óculos, mas in vino, óbvio, aos 35, início da decadência física.

Cena final, na praia. Bukowski recitará um poema se, em troca, a jovem à sua frente se despir para ele. Sem dizer uma só palavra ela aceita o trato, mas recua alguns passos, à espera. Só se dará à visão dele nua caso o poema a mereça, realmente. À medida que o poeta prossegue, ela avança, passo a passo, para ele.

quinta-feira, 9 de março de 2006

Mensagem de Claúdio Willer:

A seguir, ciclo de palestras e debates sobre poetas malditos, tema sugerido pela direção da Biblioteca Mário de Andrade e do Colégio de São Paulo. Abre com um texto em que esclareço objetivos e meus critérios.
Nem preciso comentar a satisfação por voltar a coordenar atividades na Biblioteca Mário de Andrade. Motivo a mais para agradecer pelo comparecimento, divulgação, retransmissão, e demais manifestações de interesse, simpatia e atenção.
Em tempo: nos próximos dias, transmitirei programa de oficina literária que coordenarei no Instituto Moreira Salles, SP, também em março-abril. Nosso problema não será a falta de programação literária.
Um abraço, Claudio Willer
cjwiller@uol.com.br
www.secrel.com.br/jpoesia/cw.html



A SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA DE SÂO PAULO – BIBLIOTECA MÁRIO DE ANDRADE – COLÉGIO DE SÃO PAULO – APRESENTAM:



OS MALDITOS



Local: auditório da Biblioteca Mário de Andrade – Rua da Consolação, Centro, São Paulo, SP


Datas e horário: às quintas-feiras, de 23 de março a 18 de maio de 2006, às 19:30 h.



Inscrições e informações: tel. (11) 3256 5270, ramal 206, ou kbocchi@prefeitura.sp.gov.br


O termo ‘malditos’ designa autores cujas obras, por incompreensão de seus contemporâneos ou pela ação da censura, demoraram para ser lidas e aceitas; e que, subseqüentemente, exerceram influência e foram vistas como inovadoras. Ganhou importância com a publicação da antologia Les Poètes Maudits, preparadas por Verlaine em 1884 e 1888, trazendo à luz os então desconhecidos Rimbaud e Tristan Corbière, e publicando Mallarmé. A expressão pode ser usada referindo-se a autores anteriores ao final do século XIX: serve para designar, por exemplo, William Blake e Baudelaire. Ou então, é projetada em Antonin Artaud, Allen Ginsberg, William Burroughs, e até em contemporâneos: por exemplo, no recente primeiro volume da Obra Poética de Roberto Piva, seu prefaciador utilizou a expressão ‘linhagem maldita do romantismo’.

A essa categoria, ‘maldito’, são associadas outras de uso corrente na crítica literária: ‘ruptura’, ‘tradição da ruptura’, ‘rebelião’ e ‘transgressão’. Pode ser entendida em contraste com a noção de ‘olímpico’: por exemplo, em meados do século XIX Baudelaire foi o ‘maldito’, e Victor Hugo o ‘olímpico’; em nossa literatura, na altura de 1900, Cruz e Souza foi ‘maldito’, e Olavo Bilac ‘olímpico’.

Há dois modos de abordar o tema. Um deles é examinar autores tipicamente malditos, obedecendo a uma série cronológica. São (entre outros) William Blake, Sade, Baudelaire, Rimbaud, Corbière, Lautréamont, Artaud, Bataille. Na literatura brasileira, são ‘malditos’ Sousândrade, alguns de nossos simbolistas e autores paralelos ao modernismo. Pode-se localizar ‘malditos’ na literatura de Portugal e na poesia hispano-americana, entre outras.

Outra abordagem é selecionar, como tema de palestras, não autores, porém questões associadas ao sentido do termo ‘malditos’. Por exemplo, a validade e atualidade do termo ‘malditos’; a existência de ‘malditos’ contemporâneos e de uma ‘linhagem maldita’ ao longo do tempo; a projeção além dos limites da criação literária dos ‘malditos’: em movimentos de vanguarda, política, contracultura, rebeliões sociais.

A programação foi feita combinando as duas abordagens: como série de autores, e focalizando temas gerais. Foi convidado um elenco diversificado de especialistas, tanto da área universitária, de diferentes lugares do país, quanto de criadores literários que trataram do tema ou que o representaram. Não há intenção de esgotar o assunto. Autores importantes – como Rimbaud – não serão objeto específico de palestras, mas deverão ser discutidos ao longo do ciclo. No entanto, do modo como foi planejado, ‘Os Malditos’ não apenas transmitirá informação relevante, sobre autores de indiscutível importância, mas dará margem à reflexão e a produtivas discussões.

Claudio Willer



PROGRAMAÇÃO


23 de março

ABERTURA: Inauguração de exposição de obras de e sobre poetas malditos, no saguão do auditório da Biblioteca Mário de Andrade

PALESTRAS:

Márcio Seligmann-Silva – Professor de Teoria Literária na Unicamp. Ensaísta, publicou, entre outros, Ler o Livro do Mundo (Iluminuras), Catástrofe e Representação (Escuta), Adorno (Publifolha), e, recentemente O Local da Diferença, Editora 34.

– O autor maldito é aquele que se permite dizer o mal? A relação entre o mal, o feio, o sublime e o belo.



Eliane Robert Moraes – ensaísta, professora de Estética e Literatura na PUC-SP. Publicou ensaios sobre o imaginário erótico na literatura, como Sade – A felicidade libertina (Imago) e O Corpo Impossível (Iluminuras)

– Os perigos da literatura: o “caso Sade”



30 de março

Leda Tenório da Motta – professora em Estudos pós-Graduados de Comunicação e Semiótica da PUC-SP, ensaísta, tradutora, autora de A Crítica Literária Brasileira no Último Meio Século (Imago), organizadora da coletânea Céu Acima sobre Haroldo de Campos (Perspectiva).

– Críticas malditas



John Milton – professor livre-docente de Língua e Literatura Inglesa e Americana no depto. de Literaturas Estrangeiras Modernas da USP, ensaísta, autor de Tradução, Teoria e Prática (Martins Fontes) e O Clube do Livro e a Tradução (EDUSC)

– William Blake: poeta de várias facetas



06 de abril

Olgária Matos –professora titular no Departamento de Filosofia da USP, autora, entre outros, de Rousseau, uma Arqueologia da Desigualdade e Os Arcanos do inteiramente Outro -a Escola de Frankfurt, a melancolia, a Revolução, Brasiliense:

– Walter Benjamin: filósofo maldito?



Viviana Bosi – ensaísta, professora do Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada - Letras da USP, autora de ensaios e de John Ashbery: um módulo para o vento (EDUSP):

– Baudelaire: tensões da modernidade



27 de abril

Antonio Bivar – dramaturgo, narrador e ensaísta, autor entre outros das peças Cordélia Brasil e Alzira Power, e de O que é punk e Verdes Vales do Fim do Mundo, acabou de lançar Bivar na corte de Bloomsbury, ed. Girafa:

– Bloomsbury Babilônia



Roberto Piva – poeta, autor de Paranóia, Piazzas, Antologia Poétioca, Ciclones e vários outros livros, acaba de publicar Um Estrangeiro na Legião, volume 1 de sua obra reunida, pela Editora Globo.

– Pasolini, poeta maldito



04 de maio

João Silvério Trevisan – prosador, ensaísta, cineasta, autor de livros como Devassos no Paraíso, Ana em Veneza, ed. Best Seller, e Pedaço de mim, Record, está escrevendo um novo romance, O Rei do Cheiro.

– O conceito de 'maldito' na vigência da sociedade do espetáculo



Claudio Willer – poeta, ensaísta, tradutor de Allen Ginsberg, Antonin Artaud e Lautréamont –acabou de sair nova edição de Os Cantos de Maldoror –Obra Completa de Lautréamont, pela Iluminuras:

– Maldoror, a voz de Lautréamont; Baudelaire lido por Lautréamont.



11 de maio

Maria Lúcia Dal Farra – poeta, ensaísta, foi professora de literatura na USP, Unicamp e UFSE; autora de A Alquimia da Linguagem, ensaio, Livro de Auras e Livro de Possuídos, poesia e Inquilina do Intervalo, prosa (Iluminuras):

– Gilka Machado e Judith Teixeira: o maldito no feminino.



Marcos Siscar – professor de teoria da literatura na Unesp; poeta; como tradutor, publicou Os Amores Amarelos de Tristan Corbière, Iluminuras, e A Rosa das Línguas de Michel Deguy, Cosac & Naify /7 Letras.

– O maldito como supliciado: de Charles Baudelaire a Tristan Corbière.


18 de maio

Lucila Nogueira – Professora de Teoria Literária e Literaturas de Língua Portuguesa na UFPE, ensaísta, poeta, autora de A lenda de Fernando Pessoa e de quinze livros de poesia, os mais recentes, Desespero Blue e Estocolmo.

– Portugal e seus malditos: o caso de Al Berto



Debate com Claudio Willer, coordenador do ciclo, e outros conferencistas:

– Ler e entender os poetas malditos.


Equipe de realização: Claudio Willer, coordenador; Biblioteca Mário de Andrade: Luis Francisco Carvalho Filho - diretor geral; Thais Ruiz - diretora da Difusão Cultural; Daisy Perelmutter - Coordenadora do Colégio de São Paulo; Rita de Cássia Rua - assistente administrativa; Edélcio Levandosk - produtor da Difusão Cultural; Katia Bocchi - produtora da Difusão Cultural

terça-feira, 7 de março de 2006

sexta-feira, 3 de março de 2006

Mais um diário. Cool Memories, de Jean Baudrillard. Traduzo da tradução em espanhol:

“Cada pensamento é o último, cada anotação o traço do final, cada idéia não faz mais do que aparecer e desaparecer, igualmente a este planeta feito de auroras e crepúsculos sucessivos. Múltiplas parcelas de uma continuidade hipotética que não existe e que só se pode recuperar em filigrana, depois da morte.”

quinta-feira, 2 de março de 2006

The Neglect Argument

Deus, em sua infinita sabedoria, criou as bactérias, os vermes, e, ato supremo, os vírus. Lombrigas, pneumococos, gripe aviária, HIV, tudo obra divina. Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, e em seguida os meios de destruí-los (a nós) (a Ele). Nascemos de um só modo e morreremos de inúmeras e complicadas maneiras.