terça-feira, 22 de março de 2011

Sumário de Incertezas, na Caros Amigos

Meu livro "Sumário de Incertezas" na lista de leituras do jornalista Renato Pompeu, na edição de fevereiro, 167, da Revista Caros Amigos (coluna "Ideias de botequim", p. 45):

"A poesia [brasileira] tem bons momentos no pequeno volume Sumário de Incertezas, de Lauro Marques, editado pela Confraria do Vento. Exemplos: 'Para mim basta/ O brilho das coisas vencidas./ O belo não me agrada mais.' e 'Tem da natureza inseta/ a atração/ por luzes/ pelo perfume das flores/ e das bebidas.'"

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quarta-feira, 16 de março de 2011

Dois poemas de Valdivino Braz


Os velhos lobos do mar



As gaivotas

De sol e nuvens, um céu de ouro e sangue, o arrebol do entardecer. Os gritos melancólicos, de solitárias gaivotas, sobrevoando as carcaças dos barcos. Parecem dizer que o tempo a tudo trespassa, e tudo se esgota. Parecem gritos de alerta, que o dia cessa e se aproxima a hora escura. Parecem avisar que ali vem as sombras a cobrir o mundo e fechar as portas. Parecem deduzir que vão cerrar-se as cortinas dos quartos, que vem a noite por cima estender-se e cobrir a nudez dos corpos. Parecem gritar que a hora é essa, que a vida é só essa, não há outra. Parece que a vida vai sair pela porta dos fundos, o coração a saltar pela boca. Gritam as gaivotas, e serão outras ao amanhecer, com o mar a derramar-se de peixes mortos. Na manhã do mar profundo, com as mortes do mundo.

...

Os homens no BARco

Os homens envelhecem no bar, bebendo as palavras salobras da noite e cuspindo o zinabre corrosivo do tédio. Na longa travessia das horas, destiladas pelos copos, sabem o cansaço dos corpos, os vincos nas faces vulneráveis e a vida moída pela mó do inexorável. Sabem nesta hora o íntimo silêncio em que os gestos se anulam, os olhos no vazio vagam, e cada homem diz a si mesmo coisas uns aos outros indizíveis. Sabem agora a solidão sozinha do lobo ferido no ermo do mundo, e os inevitáveis borrões vermelhos da sangria própria do que é vivo e dói. E morrem os homens, à mesa do bar, barco de náufragos no mar de espuma da última cerveja.







 Valdivino Braz nasceu em Buriti Alegre (GO), em 23 de novembro de 1942. Formado em Jornalismo pela UFG (1984), é membro da União Brasileira de Escritores – Seção de Goiás (UBE-GO). Publicou dois livros de contos, um romance e dez livros de poemas, seis dos quais premiados em concursos. Entre eles, “A trompa de Falópio” (Prêmio Nacional Cidade de Belo Horizonte, 1992), de onde foram extraídos os excertos publicados acima.

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domingo, 13 de março de 2011

Un poema de Aldo Luis Novelli

Un poema de Aldo Luis Novelli

>>>traducido por  Lauro Marques

O poeta argentino, Aldo Luis Novelli


Amorsaurio

nos rozamos en la calle.

le acaricié el pelo en la esquina.

hablamos de las injusticias del mundo
cerca del basural.

nos amamos con los restos
del cuerpo.

antes de dormirme
le leí un cuento de Monterroso.

y cuando desperté
ella ya no estaba allí.



Librillo editado por el Min. Educ. Nac. dentro del "Plan Nacional de Lectura" en la colección "Escribiendo en la Patagonia" que se distribuyó en todas las escuelas y Bibliotecas Populares de la Provincia


Amorsauro


nos roçamos na rua.

acariciei seus cabelos na esquina.

falamos sobre as injustiças do mundo
perto do lixão.

nos amamos com os restos
do corpo.

antes de adormecer
li para ela um conto de Monterroso.

e quando despertei
ela já não estava lá.



Livreto publicado pelo Min. Educ. Nac no âmbito do Plano Nacional de Leitura "na coleção "Escrita na Patagônia", que foi distribuído em todas as escolas e bibliotecas públicas da Província

[Tradução Lauro Marques]

sábado, 12 de março de 2011

Tsunami

Escrito com raiva

no mar -

Tempestade 嵐






怒りで書かれて

海で -





Written in anger

In the ocean -

Storm 嵐

VARIACIONES SOBRE "EL DINOSAURIO" **



VARIACIONES SOBRE EL DINOSAURIO **

"La versión para el público (final feliz)"

Lauro Marques


Cuando despertó, el dinosaurio ya se había ido.



 ‎** El dinosaurio


[Minicuento]


Augusto Monterroso



Cuando despertó, el dinosaurio todavía estaba allí.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Amuleto, Roberto Bolaño

"Metempsicosis. La poesía no desaparecerá. Su no-poder se hará visible de otra manera."
Uma das "profecias" de R. Bolaño, em "Amuleto", novela do autor, escrita em 1999, como um capítulo extraído de "Os Detetives Selvagens" que ganhou vida própria.

(Outra "profecia" é que "César Vallejo será leído em los túneles en el año 2045". Esta última eu já tratei de concretizar, pois já li, muitas vezes, César Vallejo em túneis.)

Faz parte dos delírios da personagem Auxilio Lacouture(*), escondida num banheiro da UNAM, durante uma invasão do Exército, em 1968, na Cidade do México.

Por trás, há o tema da morte - da poesia, dos poetas (seres perseguidos, fantasmagóricos, e às vezes ridículos, que gostariam de se imaginar heróicos), sua lenta e angustiada aparição e desaparição no mundo. E da memória. Da poesia como uma forma que resiste ao tempo: ela reencarnará, os poetas (ou suas obras), alguns, continuarão.

(*) Relendo essa nota, pensei que o sobrenome "La couture", que siginifica "costura", em francês, talvez seja uma chave, pode ser lido como "La culture", cultura.
"Y ese canto es nuestro amuleto"

terça-feira, 1 de março de 2011

"Pequenos incômodos"

  • advinhando formas numa pintura de nuvens,
 adivinando formas en una pintura de nubes,
guessing shapes in a painting of clouds,
  • - É preciso encarar o mar com fundo respeito - disse. Enquanto se afogava.
- We have to face the sea with deep respect - said. While was drowning.

- Hay que enfrentar el mar con fundo respeto - dijo. Mientras estaba se ahogando.