sexta-feira, 4 de março de 2011

Amuleto, Roberto Bolaño

"Metempsicosis. La poesía no desaparecerá. Su no-poder se hará visible de otra manera."
Uma das "profecias" de R. Bolaño, em "Amuleto", novela do autor, escrita em 1999, como um capítulo extraído de "Os Detetives Selvagens" que ganhou vida própria.

(Outra "profecia" é que "César Vallejo será leído em los túneles en el año 2045". Esta última eu já tratei de concretizar, pois já li, muitas vezes, César Vallejo em túneis.)

Faz parte dos delírios da personagem Auxilio Lacouture(*), escondida num banheiro da UNAM, durante uma invasão do Exército, em 1968, na Cidade do México.

Por trás, há o tema da morte - da poesia, dos poetas (seres perseguidos, fantasmagóricos, e às vezes ridículos, que gostariam de se imaginar heróicos), sua lenta e angustiada aparição e desaparição no mundo. E da memória. Da poesia como uma forma que resiste ao tempo: ela reencarnará, os poetas (ou suas obras), alguns, continuarão.

(*) Relendo essa nota, pensei que o sobrenome "La couture", que siginifica "costura", em francês, talvez seja uma chave, pode ser lido como "La culture", cultura.
"Y ese canto es nuestro amuleto"

Nenhum comentário: