quarta-feira, 10 de maio de 2006

Cadáver esquisito*

*Poema a quatro mãos com Leonardo Aldrovandi
le cadavre exquis boira le vin nouveau
(em progresso?)



o trago imaturo
..e aquele o pato do feno que não calca o presente

........advinhar: o futuro
está
no (p)fato recente




********************

O Cadáver Refinado

cadavre exquis", atividade que consistia em produzir um texto coletivo em que cada participante continuava um texto, acrescentando uma parte da frase sem saber o que vinha antes, daí resultando em criações livres de qualquer associação lógica. No primeiro texto, Prévert escreveu "le cadavre exquis", em um papel dobrado e o passou a um outro participante que, em segredo, prosseguiu acrescentando "boira"; um terceiro, nas mesmas
condições, concluiu o jogo e o texto com "le vin nouveau".


Eclair Antonio Almeida Filho. "A escritura coletiva de Jacques Prévert com surrealistas" in
http://www.revista.agulha.nom.br/ag43prevert.htm



>Lauro Marques escreveu:

-Gostei do nosso "cadáver". Houve uma sincronicidade incrível aqui, bem típica dos achados-pronto do surrealismo: eu pensei no verso-jogo "o cadavér refinado beberá o vinho novo" e vc (sem conhecê-lo) me mandou uma frase falando em "trago imaturo".

O poema está pronto.

Ponto.

Para nós dois.

Aliás peço sua licença para "incorporar" o poema como meu (nosso) a um livro imaginário que ainda escreverei.

"O verdadeiro pecado é escrever para o público" - Valéry

Abraços
um semicego

> Leonardo Aldrovandi:
- Também gostei, acho que ele cumpre o lance de ser uma pequena operação... gosto particularmente da ligeira falta de nexo frasal do segundo verso, como se estivesse mal escrito.
tbm a maneira como voce fechou ele numa espécie de idéia de tempo.
claro que pode mandar bala....
podemos fazer outros também...

deixa ver:



mais um vento da velha questão da exclusão

os caminhões-pipa poderiam ser inflamáveis algum dia?


> Lauro Marques:
-Sim, a frase tropeça e dá um charme especial.
O lance da operação, bem lembrado. Eu tinha pensado o mesmo.
A idéia de tempo: vc levantou a bola e eu matei. O seu pato não calcava o presente. Era um pato recente e imaturo a pisar em montes de feno (tempo-feno-fenece).
Este outro me parece um koan. E como tal está fechado em si mesmo, num círculo. Não se acrescenta nada ao círculo.

Lembrei de um koan/haicai que escrevi faz tempo, com o mesmo animal:
1
O pato
de asas cortadas
voa de costas?
2
Qual o fundo falso do poço sem fundo?


bom final de semana
um semicego.

>Leonardo Aldrovandi:
- que bonito cara...
feno-fenece...que sensação boa.
tem razão é preciso algo aberto, não uma idéia feita...
mas vamos obrando....nem todo dia é de sol....
confesso: me sinto mais ou menos como esse pato...
bom descanso

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