quarta-feira, 8 de junho de 2011

À sombra do Vulcão de Malcom Lowry

I-


"- O senhor quer a salvação do México? Quer que Cristo seja nosso rei?


- Não."

Descobrir porque Roberto Bolaño escolhe esta, dentre tantas outras frases, de "À sombra do Vulcão", como epígrafe de seu livro "Os detetives selvagens".

II-
 
Hesito em terminar de ler o livro. Vontade de deixar o cônsul vivo (ele morrerá bêbado de mescal na última página).

III-

No romance de Malcolm Lowry os nomes das tabernas mexicanas são um atrativo à parte, como esta que se chama "Todos Contentos y Yo También." Há ainda o "Salón Ofélia", o "Farolito" e a "Cervecería Quauhnahuac", com sua mistura deliciosa de vogais e consoantes, impronunciável para nós.

IV-
"I learn that the world goes round so I am waiting here for my house to pass by".

Finalmente terminei de ler "Under the Volcano", "À sombra do Vulcão", de M. Lowry. Jornada nauseante a que somos arrastados pelo escritor e que termina num vazio escuro, cheio de desespero lírico*, cheirando à morte. Vai para minha lista de livros escritos no inferno (como A Vida Breve, de Juan Onetti), que lemos meio sem querer ler.

"Qué hacéis aquí?"
(...)
"Nada. Veo que la tierra anda; estoy esperando que pase mi casa por aquí para meterme en ella".



__

*ou líquido -o mescal e álcool em todas as formas, até mesmo puro, com chá fervente, que se toma(?) no México...




2 comentários:

AC disse...

. É um livro monumental, verdadeiramente maldito, triste e muito bem escrito (apesar da tradução). Eis aí uma tarefa: retaduzi-lo para o portugues. Eu tenho uma biografia dele que é uma tristeza só... Li um outro dele passado num hospício em NY que é terrível. Entre os malditos, podemos incluir Uma estadia no inferno de rimbaud, e o primeiro terço, de neal cassady.

Lauro Marques disse...

Pois é Antonio Carlos, mas tem momentos de uma poesia infernal, vertiginosa, quase rimbaudiana -eu, sem comparar com o original, gostei da tradução! Claro, Rimbaud é o "top 1" da lista "from hell". "Viagem ao fim da noite", de Céline, é outro. "Memórias do subterrâneo", de Dos., idem. Todo Kafka, também. Estou lendo agora "Los siete locos", de Roberto Arlt, está merecendo entrar também no ranking.Um dia faço uma lista completa.