quinta-feira, 4 de agosto de 2011

DEZ MANEIRAS DE SE ENTRAR NUMA CASA


Em uma das dez (ou quiçá 12, mas só direi das dez) realidades possíveis, ele atravessou o jardim, sentindo o cheiro perfumado da noite, e foi abatido - assim que o seu pé direito tocou no batente da porta - por um tiro de espingarda, vindo da janela de cima. Numa segunda realidade, um cão da raça fila, enorme e negro, ficou observando-o, parado, por cerca de dois minutos, até que, num único salto, estraçalhou sua jugular. Numa terceira possibilidade, quando terminou de pular o muro, escutou três vezes o pio de uma coruja e tomou isso como um mau agouro, dando meia-volta e escalando para fora, de novo, o muro. Numa quarta e hipotética possibilidade, o celular tocou, quando estava para pular o muro da casa; era sua mãe e ele havia esquecido de desejar-lhe parabéns pelos 70 anos. Numa quinta hipótese, o alarme disparou e ele foi pego em seguida, após uma perseguição, no terceiro quarteirão. Numa sexta, colocou a mão no bolso e havia esquecido a arma. Numa sétima, estava sem bala. Numa oitava, escorregou e caiu, quebrando a clavícula. Quando acordou, alguém chutava-lhe a cara. Numa nona, ele teve que matar toda a família. Numa décima, a porta estava aberta, não havia ninguém em casa, as luzes todas acesas, o cofre vazio e, quando saiu, foi recebido a tiros pela polícia.

2 comentários:

Anônimo disse...

Faz-nos pensar no que se passa na cabeça de certas pessoas antes de um grande (ou duvidoso) feito; e também, no que não se passa.
Muito interessante, gostei!

Lauro Marques disse...

obrigado, tem só uma frase que gosto, a primeira, rs.