sexta-feira, 27 de maio de 2011

Odradeks


 Segundo Vila-Matas, uma tensa convivência com o duplo era uma das características da conspiração shandy ou sociedade secreta dos portáteis. Em conseqüência disto, cada shandy hospedava em seu interior inquilinos negros, também chamados de Odradeks. O Odradek de Ramón Gómes de la Serna fez sua aparição no espelho de um hotel de Praga, dando-lhe um considerável susto: “Ao mirar-me em um espelho que subitamente me reflete, me acho realmente parecido com meu pai. Serei meu pai? Então toda minha vida tem sido uma fantasia em nome de outro? Não seremos mais que antepassado e nunca seremos nós mesmos?” (EVL, em História da Literatura Portátil, Barcelona 1985)

Os Odradeks eram criaturas ou objetos sombrios, discordantes e patéticos, que se compraziam assustando seus hóspedes e vítimas. E aqui vai como Gómes de la Serna se safou. Apesar de ter se assustado como nunca naquele dia, soube se armar de coragem e humor e acabou subjugando o fantasma do seu pai pela via mais rápida: quebrou todos os espelhos do seu quarto em Praga.

2 comentários:

Gastón Segura disse...

Hola, Lauro, he tomado tu dirección electronica para enviarte las sucesivas anotaciones de mi blog.

Lauro Marques disse...

Hola, Gastón, no me envíe por correo electrónico, estoy siguiendo tu blog. Gracias.