segunda-feira, 16 de janeiro de 2006

Baudrillard falando sobre seu novo livro "A Conspiração da arte":

Arte era uma forma, e então tornou-se gradualmente não mais uma forma, mas um valor, um valor estético, e desse modo fomos da arte para a estética - é algo muito, muito diferente. E à medida que a arte se torna estética ela se junta à realidade, ela se junta à banalidade da realidade. Pelo motivo que toda realidade se torna estética, também, é uma confusão total entre arte e realidade, e o resultado dessa confusão é hiperrealidade. Mas, nesse sentido, não mais uma diferença radical entre arte e realismo. E isso é o próprio fim da arte. Como forma.

São temas caros ao autor, "banalidade", "transfiguração", "perda da diferença", "hiperrealidade", "fim da arte".

A arte se torna estética, isto é, ela se torna filosofia. Não estaria aí Baudrillard negando o potencial filosófico da arte? Arte é forma. Mas é também reflexão. Reflexão pela forma. O problema é quando ela deixa de ser forma para ser só reflexão. Quando se torna na maioria das vezes má filosofia.

Por outro lado é impossível separar o valor estético daquilo que é uma obra de arte. Obras de arte são objetos que possuem valor estético. Quando dizemos de uma obra que "ela é boa", boa para ser perseguida, alcançada, imitada, aí está seu valor estético e normativo.

Uma obra se torna menos banal quando adquire maior valor estético. Não o contrário. A realidade é banal. Mas pode vir a se tornar estética. Arte é a transfiguração do banal em algo digno de ser apreciado.

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