A literatura é o avesso da vida.
Mas o avesso no espelho, distorcido, do parque de diversões.
A diversão em Nathan Zuckerman (personagem principal do
romance de Philip Roth, com o título desse post) está nisto: em distorcer, criar ficção a partir dos fatos de sua vida
real.
Só que, ao final do romance, ficamos sem saber o que é real
e o que é ficção/alucinação/imaginação do autor, dos vários livros dentro do
livro/cabeça – “eu sou um teatro e nada mais” – do autor.
Os limites estavam borrados desde o princípio e é essencial
que fiquem borrados.
Não existe um “narrador” fora da imaginação de Roth que não
seja também fruto de sua imaginação (que, ao lermos, passa a ser também a
nossa).
Roth, afinal, e Zuckerman são a mesma pessoa – os personagens
“falam” com o autor do livro que está sendo escrito, eles “se lêem”.
O final é em aberto. Zuck é quem tem a última
palavra – mesmo depois de morto.
Como em Ulisses, "mesmo a mais fina literatura permanece uma imitação paródica da vida".
Como em Ulisses, "mesmo a mais fina literatura permanece uma imitação paródica da vida".