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sábado, 17 de agosto de 2013



Hoje, como ontem
exposto aos fenômenos
corpo-
máquina, qual é
tua    —tessitura? Sentes:
este abraço, em tu-
a  
alma—?

domingo, 4 de novembro de 2012

Enésima meditação noturna




Mira a noite/sem
consequências/
não este nada/o grande
nada/
e à manhã/que pronto/virá/
fingirá que é outra/e ignora
continuidade.



Enésima meditación nocturna

Mira la noche/sin
consecuencias/
no esta nada/la grande
nada/
y al mañana/que pronto/vendrá/
fingirá que es otra/e ignora
continuidad.
 




LM

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Historia del bigote (tercera versión)

Mi padre tenía un bigote enorme
que cultivaba con mucho orgullo

un bigote de bandolero mexicano

- tanto, que la primera vez que vi una foto de Zapata, luego me acordé de mi padre.

Cuando, cierto día, le pregunté qué iria a hacer cuando su bigote se volviese blanco,
no me contestó, quedóse enfadado, dijo: "No lo sé, tal vez no llegue a ser blanco, nunca".

Pienso en ello hoy, cuando estoy cerca de la edad de mi padre muerto, con su bigote, intacto, todavía.

sábado, 21 de abril de 2012

Bando de luzes, fluido éter

revoada de pássaros pretos sob o céu embranquecido
noite, noite, ainda
e campos com flores como/ túmulos se abrindo






LM

domingo, 22 de janeiro de 2012

Impossível reconhecimento


 
Impossível reconhecimento
no ocaso das estações

abraço o vermelho das casas
quando o sol se põe

e o barulho da chuva
quando a chuva acaba

[e é quase nada viver]

o espaço de uma asa
num intervalo de um segundo
quando despetalam as ros...

a claridade sentida de verão chuvoso. 





LM

sábado, 15 de outubro de 2011

 
 
“AH!”, disse às trevas
e às bétulas
rondando o muro –
e o farfalhar das asas,
quase nunca,
silêncio escuro.

"E por que não?"
"nesse mundo
todos
farfalhamos".
 
 
LM 

domingo, 2 de outubro de 2011

As pessoas não são formigas

 
No Metrô,
vejo escorrer
(no rosto
lento e calmo
sorridente e não disfarçado)
uma lágrima
no rosto da menina.
 
 
LM

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Despertar de inverno




Hoje, despertei e, de olhos vendados, ainda,
não conseguia sentir o bater do meu pulso.
Fazia muito escuro então
e só o canto de um solitário
pássaro
madrugador
provou que eu ainda
continuava vivo.



 WINTER AWAKENING


Today, I woke up and blindfolded, still,
I could not feel the beating of my pulse.
It was very dark yet
and only the singing of a solitary
bird
early bird
proved that I was still
alive.





LM





*Dedicated to Charles Bukowski, in hell.
 By the way, it's a black sparrow up there.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

A moveable feast



“Não, quem somos nós, afinal?”,
perguntou a mulher de Hemingway
encerrando uma discussão sobre
passear, preparar um lanche, beber vinho e ir para as corridas apostar em cavalos ou
empregar o dinheiro em coisas menos
dignificantes
como
comprar roupas ou
chuveiros ou
banheiras ou
vasos sanitários com descarga
no quarto.

E eu me senti, irresistivelmente,
apaixonado
pela mulher de Hemingway.


LM

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Poema escrito no escuro


Poema escrito no escuro


Poema escrito no escuro
que vai nascer amarelado
com nódoas no coração
incapaz de matar o eu lírico
sem pedir perdão

O poema fraco, indolente,
escrito em surdina, com fome
enquanto as rodas dos carros passam sobre / ao lado
se combinam ao som de uma melodia no rádio (
constantemente ligado,
de música clássica)
e ao cheiro de couro
no caderno
natimorto.




Poema escrito en la oscuridad

Poema escrito en la oscuridad
a nacer amarillo
manchado en el corazón
incapaz de matar el yo lírico
sin pedir perdón

El poema débil, indolente,
escrito a escondidas, con hambre
mientras que las ruedas de los coches pasan sobre / al lado
se combinan a el sonido de una melodía en la radio (
permanentemente encendida,
de música clásica)
y a el olor de cuero
en el bloc de notas
nacido muerto.




Poem written in the dark

Poem written in the dark
to be born yellow
stained in the heart
unable to kill the lyrical I
without asking for forgiveness

The poem weak, indolent,
written on the sly, hungry
while the wheels of cars pass over / next
combines with the sound of a melody on the radio (
permanently switched on,
classical music)
and the smell of leather
in the notebook
stillbirth.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Poema de finados



Este será um grande poema

feito de pequenos acontecimentos.



Componho fragmentos no escuro, que é vida

e dou minhas fugas para a arte como quem diz chega!

e toda a tristeza do mundo nas calças do empregado de escritório com um botão faltando, a caminho do trabalho

e eu também metido em minhas “calças momentâneas”, qual Vallejo, pensando:

[Será triste ser isso?]



O pássaro enlouquecido, kamikase, num ato de desespero político e lírico, na batalha invisível, que os pássaros travam com as janelas e a cidade 

não esperou o final da Primavera e mergulhou com a cabeça para baixo no vidro da porta da sala que separa a rua da casa, com um estampido surdo, quebrando o silêncio consagrado, no dia de finados

foi condecorado por bravura e estupidez e devidamente sepultado, sem maiores ritos nem pompas

numa caixa de papelão contendo pétalas e com a seguinte inscrição: “pássaro morto, 1º de novembro de 2010”

na lata de lixo orgânico do edifício



[E a vida continua, tanto para nós como para os pássaros]



As maritacas indiferentes a tudo a não ser a si mesmas, vieram, como de costume, bicar seus grãos de girassol.



[e os empregados de trabalho.]





Poema de Lauro Marques

Fotos de Alberto Pucheu

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Dois novos poemas


Olha lá, cuidado!


Olha lá, cuidado!
Que passou um poeta correndo com os dentes trincados pela avenida.
E isso não quer dizer muita coisa
mas, talvez – quem sabe?
É melhor tomar cuidado,
podem haver outros.



O quanto não te disse

O quanto não te amei,
o quanto não te disse,
te digo hoje.
Faz frio e o quarto está cheio de mosquitos
que a madrugada teima em amanhecer.