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sexta-feira, 27 de maio de 2011

Odradeks


 Segundo Vila-Matas, uma tensa convivência com o duplo era uma das características da conspiração shandy ou sociedade secreta dos portáteis. Em conseqüência disto, cada shandy hospedava em seu interior inquilinos negros, também chamados de Odradeks. O Odradek de Ramón Gómes de la Serna fez sua aparição no espelho de um hotel de Praga, dando-lhe um considerável susto: “Ao mirar-me em um espelho que subitamente me reflete, me acho realmente parecido com meu pai. Serei meu pai? Então toda minha vida tem sido uma fantasia em nome de outro? Não seremos mais que antepassado e nunca seremos nós mesmos?” (EVL, em História da Literatura Portátil, Barcelona 1985)

Os Odradeks eram criaturas ou objetos sombrios, discordantes e patéticos, que se compraziam assustando seus hóspedes e vítimas. E aqui vai como Gómes de la Serna se safou. Apesar de ter se assustado como nunca naquele dia, soube se armar de coragem e humor e acabou subjugando o fantasma do seu pai pela via mais rápida: quebrou todos os espelhos do seu quarto em Praga.

sábado, 29 de agosto de 2009

Fabulador de pulsões negativas


É assim que o escritor argentino Alan Pauls descreve Enrique Vila-Matas na orelha de "Suicídios Exemplares", publicado recentemente no Brasil. Escrito dez anos antes de Bartleby e Companhia, já há algo neste livro do escrivão de Herman Melville que se recusa a fazer qualquer coisa que seja (o que é também um modo de se aniquilar). Tema que seria explorado por Vila-Matas na forma de uma galeria de personagens estranhos tomados por essa mesma "pulsão negativa". Não agir, não escrever, literatura do não. Não é por menos que Fernando Pessoa seja um dos heróis de Vila-Matas. No final desse seu livro de contos sobre suicidas e não-suicidas, ele o transforma em personagem, juntamente com Mário de Sá-Carneiro, simplesmente ao transcrever (outra vez o copista, que exercita a arte da citação) o trecho da carta deste para Fernando Pessoa, escrita em 31 de março de 1916, poucas semanas antes de suicidar-se no Hotel de Nice, Paris, após ingerir cinco frascos de estricnina, tendo inclusive convidado para assistir o amigo José de Araújo: Mas não façamos literatura. Pelo mesmo correio (ou amanhã) registradamente enviarei o meu caderno de versos que você guardará e de que você pode dispor para todos os fins como se fosse seu (...) Adeus. Se não conseguir arranjar amanhã a estricnina em dose suficiente deito-me para debaixo do "metro"... Não se zangue comigo.

domingo, 28 de dezembro de 2008

Notas sem texto (2)

Enrique Vila-Matas tem o que se pode chamar de uma "escrita ágil", que prende o leitor, embora em alguns trechos do seu "Bartleby e companhia", seja um pouco repetitivo. Os melhores momentos são quando ele deixa de simplesmente recontar, a partir de inúmeras citações, e dá voz ao personagem que ele cria: o corcunda QuaseWatt. O nome, com o qual se renomeia o narrador até então sem nome, é uma homenagem a um personagem de Samuel Becket, o qual é confundido respectivamente com um monte de trapos, uma lata de lixo caída e um pacote de jornais velhos.

"Não inventamos nada, acreditamos inventar quando na realidade nos limitamos a balbuciar a lição, os restos de alguns deveres escolares aprendidos, esquecidos, a vida sem lágrimas, tal como a choramos. À merda.", diz o narrador, o qual, desde então passa a fazer parte do quadro descrito por ele (Rimbaud e Kafka estão entre os mais citados), sua obra também entra no universo das obras de arte em suspenso que povoam e assombram essas "notas sem texto", como ele, Quase-Watt / Vila-Matas, as chama, ou, alternativamente, "Notas do não".

Nota sem texto (1)


Após terminar a leitura de Bartleby, de Melville, e em seguida a de Bartleby e companhia de Enrique Vila-Matas, parece que me sinto pronto a terminar de escrever o novo conto que eu havia esboçado (ou seria melhor dizer, terminar de começar?).

sábado, 13 de dezembro de 2008

Na cafeteria


Notas 13/12/2008
Descobri hoje, lendo na nova livraria do shopping no bairro, que pertenço à linhagem dos Bartleby – os escritores do Não. Li o capítulo I do livro inspirado no escrivão de Melville, Bartleby & Cia, de Enrique Vila-Mattas. A preço de um café, li na cafeteria. (É quase tão bom quanto levar sem pagar. Não que eu faça isso. Não mais). O livro custa absurdos R$ 45,00. A editora Cossac & Naif tem sempre os livros mais caros, coffee tables de luxo. No shopping, várias senhoras desesperadas para "estar adquirindo" o best-seller que irão dar de presente no Natal para os parentes e "amigos secretos" que não irão ler. Frase de Juan Rulfo citado por Vila-Mattas, para justificar o porquê de ter escrito quase nada mais depois de Pedro Páramo: "Hoje em dia até os maconheiros publicam livros, tem muito livro estranho por aí". Sorri.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Descobri Enrique Vila-Matas


Descobri Enrique Vila-Matas. Leyla Perrone Moisés diz que é um dos melhores escritores espanhóis da atualidade. Gostei que ele mescla romance/crônica/ ensaio, memória e ficção. Estou para comprar Bartleby, mas preciso ler antes Melville, de quem não li sequer Mobydick. Quem disse q ignorância é uma benção? Talvez compre em espanhol, pois sai muito mais barato.