Era mulato, como a maioria da população de Ouro Preto, filho de arquiteto português, e de uma sua escrava africana. Produziu obras magníficas. As melhores estão fora da igreja, em Congonhas, expostas ao ar livre e à ação dos vândalos: a série dos doze profetas esculpidos em pedra sabão. O conjunto em madeira pintada representando sete cenas da Paixão de Cristo também é impressionante, cheio de sentidos enigmáticos que alguns interpretam como sendo referências à maçonaria e à Inconfidência. De novo, o sentido religioso não é o que atrai aqui e sim a maestria da obra, que contou com a ajuda dos discípulos para ser feita. (A doença que deformou as mãos de Aleijadinho estava já em estado avançado. Ele precisava atar o martelo e o cinzel nas mãos para poder esculpir e talhar.) Nota-se, entretanto, um estilo único em todas as esculturas, algo comovente.
Como tudo no Brasil, mesmo personagens recentes são envoltos em brumas, o que abre espaços para a especulação. A ausência de uma historiografia séria deixa dúvidas sobre a biografia e até mesmo da real existência desse personagem do barroco mineiro. As obras contudo estão lá, apesar de faltar um maior envolvimento das instituições que deveriam apoiar a pesquisa e a preservação desse patrimônio, perceptível para quem visite as cidades históricas mineiras.
Religião e mendicância
Em Ouro Preto, há um Museu do Oratório, com peças de todos os tipos. Entre os oratórios, existia um chamado de "esmoler", utilizado por mendigos, pendurado no pescoço, para pedir esmolas. Há uma linha contínua unindo religião e mendicância.