Enrique Vila-Matas tem o que se pode chamar de uma "escrita ágil", que prende o leitor, embora em alguns trechos do seu "Bartleby e companhia", seja um pouco repetitivo. Os melhores momentos são quando ele deixa de simplesmente recontar, a partir de inúmeras citações, e dá voz ao personagem que ele cria: o corcunda QuaseWatt. O nome, com o qual se renomeia o narrador até então sem nome, é uma homenagem a um personagem de Samuel Becket, o qual é confundido respectivamente com um monte de trapos, uma lata de lixo caída e um pacote de jornais velhos.
"Não inventamos nada, acreditamos inventar quando na realidade nos limitamos a balbuciar a lição, os restos de alguns deveres escolares aprendidos, esquecidos, a vida sem lágrimas, tal como a choramos. À merda.", diz o narrador, o qual, desde então passa a fazer parte do quadro descrito por ele (Rimbaud e Kafka estão entre os mais citados), sua obra também entra no universo das obras de arte em suspenso que povoam e assombram essas "notas sem texto", como ele, Quase-Watt / Vila-Matas, as chama, ou, alternativamente, "Notas do não".
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