quarta-feira, 11 de janeiro de 2006

Resposta ao comentário do camarada "Le vautour" (segunda-feira, 9 de janeiro). Finalmente um pouco de comentário crítico. Ótimo, ótimo, não quero perdê-lo como leitor/colaborador. Quanto à variedade de notas, olhe, eu assumo inteiramente a "estética do fragmento". Quero mais a multiplicidade, quem sabe assim arranho um pouco a superfície do Real. Me sinto um indigente. Pudesse, eu leria mil vezes mais, escreveria duas mil. Publicaria 1 500. Sacou? eu cortaria 500. Mas não tenho esse tempo todo para escrever corretamente, lentamente. Eu só sei tomar notas. Notas, como você bem notou. Dandismo é elogio seu (Wilde, Baudelaire, até Peirce eram dândis). Literatura para mim é fragmento. Sei que preciso melhorar muito ainda a minha "costura". (Um dia quem sabe eu escrevo um romance, me pergunto se conseguiria). Por enquanto escrevo esses diários. Como diário, entra um pouco essa questão de falar sobre si mesmo. Deixo isso mais livre no blog. Sobre abrir a possibilidade para colocar "posts" na coluna, quase não deixam comentários aqui e não seria muito diferente na Bula, eu acho. Eu só discordo da sua última frase de que "uma intimidade com a grande arte" seria "pouco afeita à multiplicidade fugidia da experiência estética cotidiana", pois ao meu ver, a grande arte se baseia na experiência cotidiana. Não há contraposição. Manet retrata pessoas em situações cotidianas. O que seria fugidio torna-se então eterno. No caso da frase que você cita, eu remeto para a coluna da semana anterior, onde o leitor pode constatar o que eu digo apenas observando o quadro que ilustra e a fotografia de Sarah Jones. O olhar que se desvia dos outros olhos. Como no célebre "O Balcão", vemos um grupo de pessoas que, a despeito da grande semelhança física, não se intercomunicam.

Abraços e obrigado.
Lauro

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