domingo, 28 de dezembro de 2008
Poema para uma derrota (2)
Marcador 2
Notas sem texto (2)
"Não inventamos nada, acreditamos inventar quando na realidade nos limitamos a balbuciar a lição, os restos de alguns deveres escolares aprendidos, esquecidos, a vida sem lágrimas, tal como a choramos. À merda.", diz o narrador, o qual, desde então passa a fazer parte do quadro descrito por ele (Rimbaud e Kafka estão entre os mais citados), sua obra também entra no universo das obras de arte em suspenso que povoam e assombram essas "notas sem texto", como ele, Quase-Watt / Vila-Matas, as chama, ou, alternativamente, "Notas do não".
Nota sem texto (1)
Após terminar a leitura de Bartleby, de Melville, e em seguida a de Bartleby e companhia de Enrique Vila-Matas, parece que me sinto pronto a terminar de escrever o novo conto que eu havia esboçado (ou seria melhor dizer, terminar de começar?).
domingo, 14 de dezembro de 2008
Marcador
sábado, 13 de dezembro de 2008
Na cafeteria
Notas 13/12/2008
Descobri hoje, lendo na nova livraria do shopping no bairro, que pertenço à linhagem dos Bartleby – os escritores do Não. Li o capítulo I do livro inspirado no escrivão de Melville, Bartleby & Cia, de Enrique Vila-Mattas. A preço de um café, li na cafeteria. (É quase tão bom quanto levar sem pagar. Não que eu faça isso. Não mais). O livro custa absurdos R$ 45,00. A editora Cossac & Naif tem sempre os livros mais caros, coffee tables de luxo. No shopping, várias senhoras desesperadas para "estar adquirindo" o best-seller que irão dar de presente no Natal para os parentes e "amigos secretos" que não irão ler. Frase de Juan Rulfo citado por Vila-Mattas, para justificar o porquê de ter escrito quase nada mais depois de Pedro Páramo: "Hoje em dia até os maconheiros publicam livros, tem muito livro estranho por aí". Sorri.
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Poema para uma derrota
Poema para um derrota
Entulhas pela casa, em todo canto, os restos do passado. Passeias entre caixas, malas, bolsas, vendo o desgoverno do teu estado. Lá fora, no orvalho da noite fria, não podes deixar de cobrir com lona, devido à chuva das monções, a velha cadeira pia que tantas vezes te sentou. Não podes deixar de notar o tanto de sonhos fracassados que és. O mar de espíritos velhos, este sertão cerrado convés vazio ao mar.
Entulhas pela casa alheia, em todo canto, o relógio velho parado, o monte de saco seco nordestinado, o quadro inacabado do pintor falido, o fogão sem forno funcionado. Procuras no meio do entulho a coleção de pedras, verás estranhamente, que elas continuam pedras. Mas já não pedras como antes. Agora são pedras mudadas, acompanhadas do claudicante pó do nada.
Duas imagens me causam impacto e dão idéia da força do poeta: a cadeira pia (porque velha mãe que "lhe sentou" tantas vezes no colo) que não se pode deixar de cobrir com lona, para proteger-lhe, este resto de passado tornado coisa, devido à chuva das monções - e o uso da palavra monção, de origem árabe, para indicar chuva intensa sazonal, tem um sabor especial também para os nordestinados como Gustavo.
A segunda imagem que fica é a da coleção de pedras, transformadas pelo tempo em outra coisa, cobertas por um pó de nada hesitante, metáforas para o próprio poema, que se oferece o tempo todo en abîme.
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
Descobri Enrique Vila-Matas
Descobri Enrique Vila-Matas. Leyla Perrone Moisés diz que é um dos melhores escritores espanhóis da atualidade. Gostei que ele mescla romance/crônica/ ensaio, memória e ficção. Estou para comprar Bartleby, mas preciso ler antes Melville, de quem não li sequer Mobydick. Quem disse q ignorância é uma benção? Talvez compre em espanhol, pois sai muito mais barato.