Em pé e espremido perto da janela do ônibus em movimento hoje à tarde, debaixo de um sol escaldante, numa ruazinha perpendicular, próxima à igreja, pude observar, num flash de tempo - apenas alguns segundos, enquanto o ônibus ia se afastando-, uma fileira de anciões, todos muito brancos, que aguardavam não sei que sinal divino, parados. À frente do grupo, um andor, emplumado, pendia nos ombros de dois abnegados velhinhos. Mais atrás, algumas velhinhas mais sensatas portavam sombrinhas. Sobre a padiola ornamentada, uma estátua do que eles chamam de “A virgem santíssima”, ou algo equivalente (e esse conceito de virgem imaculada, por trás do Grande Corno, não citarei nomes para não ofender ninguém, o caso permanece em aberto já faz mais de 2 mil anos, eu nunca pude aceitar completamente, eu quero dizer compreender). A pergunta que me veio à cabeça, pouco depois, quando desci do ônibus, no calor sufocante do asfalto, foi: Que Deus sadomasoquista os ensinou a sofrer assim? E o que é pior, os ensinou que sofrer é bonito?
Como estou de viagem para Minas Gerais esses dias e devo me enfiar em algumas Igrejas (só espero que não estejam muito mofadas), acho bom ir me acostumando com isso. Levarei meu caderno de notas (caneta e papel) comigo, além de anti-histamínico, tomarei minhas impressões.
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