Assim como Pound, o livro de Márcio-André lê-se melhor pelas beiradas. No fragmento. No meio da miríade de sinais, que não deve fazer sentido nem para o poeta, fulguram jóias. O mar sempre presente (o Rio). Seleciono estes:
"[falar do mar é uma imposição do mar]"
...
"preferia ser herói do mar e é preciso pedir ao céu"
...
"o mar do sem música"
...
"Os ghindastes [dorsos de cavalos] bebendo do mar
e a chuva
este alaúde com cordas [também] de vidro
teia-cloro
À deriva"
...
E este que não tem a ver (ou terá?) com mar, que de tão "paulistano" deveria ser gravado nos trens que por aqui transitam, ao lado dos velhíssimos Camões:
"A incerteza dos esgotos
[urbe-uretra]
os sonhos subterrâneos do metrô
onde até os poetas têm cartão de ponto"
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